É bonito de ver, é bonito de registrar. Deixa o lugar mais simpático e até a prosa fica mais legal se pertinho do banco da praça houver flor “ouvindo” a conversa e exalando seu aroma de fragrância de frasco
Neutras e discretas ou de coloração forte e extravagantes, bem pigmentadas com detalhes sutis e delineados ou de cores lisas e brandas. Dos mais singelos formatos aos mais arrojados contornos. De duvidar que sejam fenômenos botânicos, pois parecem verdadeiras pinturas elaboradas pelo traço delicado e harmonioso do talento divino. Elas são algumas das maiores representações de carinho e memória de alguém ou de alguma cena da qual lembramos ao fechar os olhos devagarinho e deixamos escapar um sorriso de canto ou uma lágrima impremeditável. Flores são provas de amor, vestígios de saudade. E como ressalva o dito popular: “Fica sempre o perfume das flores nas mãos de quem as entrega”.
Embora configure uma instituição administrativa respectiva ao Poder Público, de alinhamento burocrático e social, a prefeitura de Lages possui conjunturas de subjetividade, sensibilidade e fascínio para tornar Lages uma cidade cada vez mais bela e organizada em qualquer estação do ano. O governo de âmbito local mantém o Horto Municipal das Flores, situado na rua Elzeário Prudente Vieira, bairro Caça e Tiro, em um espaço físico próprio do Município, com 8.200 metros quadrados voltados ao cultivo de aproximadamente 80 espécies de flores e árvores.
O plantio de flores e árvores está direcionado à jardinagem de praças, vias públicas e rótulas de trânsito, além de ao fornecimento para prédios públicos e a programas de educação ambiental e doação em ações especiais/eventos, sobretudo as promovidas ou das quais participa a Secretaria de Serviços Públicos e Meio Ambiente, à qual o Horto das Flores está submetido. Neste ano já houve a doação de em torno de 500 mudas de árvores durante as ações da pasta municipal. As árvores também integram a arborização urbana e rural do município, assim como são empregadas na recuperação de áreas degradadas. “O turismo está literalmente aflorado nos meses de outono e inverno na Serra de Santa Catarina. Não é porque estamos em estações frias que os dias precisam ser cinzentos e sem cor. As plantas purificam o ar, paralisam a correria do dia a dia por alguns instantes, melhoram o humor das pessoas, provocam sensação de paz, harmonia e felicidade, e podem ser fortes aliadas no combate ao estresse e depressão. Mantemos Lages ornamentada às pessoas desfrutarem dos jardins e paisagismo com mais comodidade e se sentirem acariciadas”, evidencia o prefeito em exercício de Lages, Juliano Polese.
Admiração em parques e praças de Lages no outono e inverno
As plantas mais cultivadas no Horto Municipal das Flores são as anuais, com a produção o ano todo, variando entre as espécies de inverno ou de verão. Como flores de verão há o exemplo dos tagetes mix, salvia, celósia e vinca. Já as de inverno podem ser a boca de leão, petúnia, cravina e amor perfeito. E há as perenes, como o gerânio e érica, e as de folhagens, como os buchinhos, aspargos e liriopes. Estas plantas são utilizadas em Lages pela boa adaptação ao clima local, o qual bastante específico, pois a amplitude térmica aparece alta em um mesmo dia, com noites frias e dias quentes, o que exige espécies resistentes à mudança.
Lages que se prepare! Primavera repleta de magia
Em setembro estreará mais uma edição da primavera no Hemisfério Sul. Para este ano de 2023, o processo licitatório da prefeitura para aquisição contempla begonia mix, celósia sortida, vinca sortida, penta lanceolata sortida, salvia coccínea, salvia do Texas, sempre viva sortida, tagetes e tagetão sortidos, zínnia sortida e girassol anão sortido.
Para todos verem! Com flores à mostra, público aprecia plantas e vê servidores concentrados nos cuidados de manutenção
O plantio “na rua” acontece sempre que necessário trocar as flores, normalmente nas estações primavera e outono, em que são manipuladas as flores anuais. Frequentemente deve-se realizar a manutenção dos canteiros, principalmente do controle de ervas daninhas. O outro trato cultural permeia a irrigação, a qual feita por uma equipe dedicada ao ofício, com um caminhão tanque, tarefa mais frequente no verão e períodos secos.
Como funciona o cultivo de flores?
Para as flores, o primeiro passo do Horto Municipal abrange a aquisição de sementes e materiais de plantio, que ocorre através de licitação. “Lançamos um edital de certame com as espécies e quantidades necessárias, consequentemente, a empresa que oferecer o menor preço será a fornecedora, ou seja, não há um fornecedor fixo”, explica o responsável pelo Horto Municipal das Flores, engenheiro agrônomo, Vitor Birck. O restante do quadro do departamento, formado por jardineiros e auxiliares de serviços gerais.
Ao obter os insumos, no Horto Municipal prepara-se o solo, com a mistura, em uma betoneira, da medida de duas cargas de carrinhos de terra para um de areia grossa e a adição de um quilo de adubo NPK 5-20-10 moído. Efetuada a mistura até o material estar homogêneo, é depositado em um cercado de madeira.
Logo após são preenchidas as bandejas plásticas de 15 células com a terra no máximo ao limite de dois centímetros da borda das células, e a quantidade remanescente, preenchida com um substrato industrial específico para o plantio de flores. Preenchidas as bandejas, são colocadas em uma mesa - uma semente por célula. Como as sementes são muito pequenas, consiste em um trabalho que exige extrema atenção e habilidade.
Após completar a colocação das sementes, levemente pressionada no substrato e coberta com uma fina camada de substrato. A partir da conclusão, as bandejas são levadas à estufa, e passam a ser irrigadas três vezes ao dia para a germinação e crescimento até adquirirem de três a quatro centímetros. Ao atingir esta altura, as plantas passam por um processo de repicagem, que busca retirar plântulas de algumas bandejas para completar o remanente nas células em que não houve a germinação ou crescimento, afim de que todas as 15 células da bandeja contenham um padrão de planta.
Terminado o processo, as bandejas ficam por mais dois dias na estufa a garantir que as plantas transplantadas tenham sucesso e passem aos canteiros externos para a aclimatação com a temperatura do ambiente natural, onde ficarão antes de seguirem ao plantio na superfície definitiva. Este, o principal método aplicado, pois compreende o padrão para as flores reproduzidas por semente. Já outras são reproduzidas por estaquia, feita a partir da retirada de uma parte vegetativa de outra planta, como os galhos ou bulbos, método específico para cada espécie, variando a forma de condução.
Os canteiros de flores recebem adubação e calagem duas vezes ao ano, exceto a calagem, realizada anualmente. A adubação, composta por adubo NPK e composto orgânico produzido no Horto Municipal das Flores, confeccionado da compostagem da poda triturada. Calagem significa a adição de calcário ou outra substância alclina, para corrigir a acidez excessiva de um solo.
E as árvores?
Em relação às árvores, procedimento semelhante ao plantio das flores, contudo, as sementes são coletadas pelos próprios funcionários, seja na mata (Parque Natural Municipal João José Theodoro da Costa Neto - Parnamul), nas praças, passeios públicos ou nos terrenos de particulares. Estas sementes passam por um tratamento, como a secagem para algumas espécies, ou então a retirada de dentro de vagens, como é o caso das leguminosas.
As sementes então são identificadas e semeadas em canteiros para a germinação, a qual varia para cada espécie, portanto, algumas em questão de dias, e outras, de meses. Depois de germinadas, espera-se que a plântula obtenha certa altura, posteriormente transplantada para os saquinhos plásticos com a mesma terra utilizada nas flores. A muda, armazenada em uma área/ponto com irrigação tão somente ao atingir o porte ideal para plantio, que pode levar até alguns anos.
As vastas missões desenvolvidas no Horto Municipal das Flores
O exercício do Horto Municipal das Flores ultrapassa as funções de cultivo de plantas. Poda e arborização em Lages, motivos do início, em 2023, da produção própria de árvores, já que antes se dependia de doações provenientes de compensações ambientais e por empresas.
Outra atividade empreendida no recinto denota ao processamento do material proveniente da poda da cidade, tanto a executada pela prefeitura, quanto a pelos contribuintes que solicitam o recolhimento de galhos. Este material passa por uma máquina de trituramento dos galhos em pedaços menores, os quais são decompostos para formar um composto orgânico.
O material triturado está disponível para a população buscar e manusear em casa, como na horta. Distribuído, aliás, nas hortas comunitárias e no outro Horto Municipal, bairro Guarujá, em que há produção de hortaliças.
O serviço de jardinagem, bastante amplo, pode chegar a decorações, como da Festa Nacional do Pinhão; plantio de grama, flores e árvores; poda, e coleta de sementes. “Tudo envolve muito trabalho não visível, como a preparação das estacas para o tutoramento das árvores, as quais são retiradas da desmontagem de sofás e móveis que são descartados, coleta de garrafas pet para a preparação das mudas, coleta de materiais para decoração, como os capins no campo. Tudo é composto por várias etapas que se extinguem nas flores e árvores vistas na rua”, complementa o profissional responsável pelo Horto Municipal das Flores, engenheiro agrônomo, Vitor Birck.
Texto: Daniele Mendes de Melo
Fotos: Ary Barbosa
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