Turistas de Chapecó, família do bairro São Pedro e grupo de amigas do Sagrado Coração de Jesus tem um “Dia Troféu” - é quarta-feira e os visitantes estão na Festa do Pinhão
A cidade berço do turismo rural no Brasil abriga um dos maiores eventos históricos, culturais, artísticos, folclóricos e gastronômicos da região Sul do país e o maior festival de música nativista da América Latina. A 35ª Festa Nacional do Pinhão, 23ª Sapecada da Serra Catarinense e a 31ª Sapecada da Canção Nativa são expoentes referenciais de Lages, Serra e do Estado de Santa Catarina.
Este dia 11 de junho será memorável para Lages e região do planalto serrano, pois ao amanhecer a estação desta época, o outono, presenteou as pessoas com um espetáculo maravilhoso: Campos cobertos de geada a temperaturas elencadas como as menores do ano de 2025 em Santa Catarina até então.
O amanhecer desta quarta-feira (11 de junho) foi de frio extremo em Santa Catarina. A Serra registrou geada e mínimas negativas, com a menor delas em São Joaquim, onde fez -6,5ºC. A informação foi confirmada pelo Centro de Informações de Recursos Ambientais e de Hidrometeorologia de Santa Catarina (Ciram), da Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri) e Defesa Civil estadual. Em Urupema e Bom Jardim da Serra, os termômetros também ficaram abaixo de 0ºC. No total, nove cidades tiveram mínimas negativas no Estado: São Joaquim, Urupema, Bom Jardim da Serra, Urubici, Bocaina do Sul, Rio Rufino, Bom Retiro, Monte Carlo e Campos Novos.
O inverno iniciará somente em 20 de junho, porém, o outono sempre se encarrega de abrilhantar a Festa Nacional do Pinhão, que neste ano apresenta um novo formato ao público, a edição Raízes - Tradição que se renova em Festa, com o resgate das tradições gaúchas, costumes, hábitos, cultura e arte, em três espaços - Praça João Costa - Recanto do Pinhão Aracy Paim [Palco Recanto do Pinhão], Rua Coberta - Rua Nereu Ramos [Palco Raízes, dedicado aos Centros de Tradições Gaúchas - CTGs) e Mercado Público Municipal Osvaldo Uncini [Palco Entrevero), além do enobrecimento de alguns dos principais artistas da atualidade no prisma musical no Estádio Municipal Vidal Ramos Júnior [Palco Leão Baio]. Serão 17 dias de Festa, com mais de 100 atrações, bem como cinco shows nacionais, com a estimativa de 100 mil espectadores contabilizados todos: Guilherme & Benuto, Fernando & Sorocaba, Ondastral e Dazaranha, Yasmin Santos e Corpo & Alma.
Embora as primeiras horas do clarear do dia apontarem uma temperatura baixa, oscilante em volta de 2ºC, um convite para não sair debaixo das cobertas em uma cama quentinha, a tarde é de clima gostoso, com 13ºC. E quem pôde aproveitar e fazer inveja para quem estava no ambiente de trabalho ou em estudos, “curtindo” uma folga em um dia útil nada normal, não pensou duas vezes e correu para a Festa do Pinhão no centro da cidade.
O Centro estava com fluxo intenso de público durante a tarde, e uma das motivações compreende a seleção do presente do Dia dos Namorados, em que os casais irão festejar em seus jantares especiais e surpresas carinhosamente preparadas. E “bóra” se agasalhar bem, com jaqueta, bota e cachecol, e “partiu” Festa! Porque tem muita água para rolar por baixo desta ponte, pois a quarta-feira de exibições na Festa continua a mil. É dia de Embalo Fandangueiro, Gilmar Goulart e Grupo Nova Paixão Duda Gaiteira.
Casal de Chapecó pela primeira vez na Festa do Pinhão
Esta foi a escolha do casal Jackson Rigo e Elenice Soligo, turistas de Chapecó, um dos municípios de sustentação econômica da região Extremo-Oeste de Santa Catarina, gigante da agroindústria. O gerente comercial e a esposa, que também atua na função de gerente em uma empresa, chegaram em Lages na segunda-feira desta semana (9) e permanecerão na cidade até a próxima sexta (13). Esta é a estreia dos dois na Festa do Pinhão. Era um desejo antigo de Elenice. Em razão da profissão, Jackson já conhecia Lages.
Até esta quarta-feira, os casal estava “mergulhado” nas atrações e na culinária do lugar em que estão hospedados, a Pousada Rural do Sesc, à margem da rodovia SC-114, Rincão Comprido. A beleza, aroma e sabor dos ingredientes e temperos do entrevero e farofa de pinhão foram alguns dos sabores provados. Aí resolveram se dirigir até a área central e finalmente conhecer uma das festas mais famosas do Estado. Na Rua Coberta experimentaram bombons de pinhão. “Eu sempre quis vir. Falavam muito da Festa do Pinhão no Parque de Exposições, com grandes shows. Hoje [quarta] é o nosso primeiro dia, chegamos há poucos minutos, então vamos caminhar pela Festa e ‘sentir’ o evento, ter as impressões. Nós temos um compromisso, mas há chance de voltarmos e aproveitarmos outras coisas. Mas, cá estamos”, opina a turista Elenice.
Namorados aprovam Festa do Pinhão na Praça João Costa: “É mais perto da gente, o povo.”
Pedro era só sorrisos ao lado da namorada em uma das mesas do espaço gastronômico da Festa Nacional do Pinhão neste meio de semana. Eles estão vivendo um romance, e aquelas “borboletas no estômago” do início do namoro, que só tem um ano ainda. A princesa amada de Pedro, Zélia Daló, trabalha em casa e decidiu ir para o Centro em busca de diversão e bons momentos em família, pois a nora estava como companhia.
Este foi o primeiro dia de Zélia na Festa do Pinhão de 2025. Ela e o namorado, o aposentado Pedro Silva, estavam bem à vontade, tomando um ponche com merengue para esquentar o corpo e animar ainda mais o dia. “Quando a Festa era lá no Parque eu acabava não indo. Eu estou bem contente de ter vindo. Não me arrependi, pelo contrário, estou satisfeita e convido a todos a não deixarem passar esta oportunidade e pelo menos vir conhecer, passear, ouvir e se embalar com as músicas, até porque tudo foi feito para Lages, nossa rica Lages”, revela Zélia.
Pedro, “pilchado” com bombacha, bota e chapéu, fez brindes com seu amor e era só elogios para a Festa. “Eu gosto do tradicionalismo. Ficou muito bom a Festa ter se mudado para cá [Centro]. As pessoas vêm para o Centro fazer suas coisas, pagar contas, comprar o que precisa, resolver pendências, e já dá uma passadinha ou já vêm programadas para ficar aqui de propósito mesmo. É perto do Terminal, tem opções para estacionar. Se procurar bem com paciência, acha. Afinal, é Festa! Faz uns dez minutos que a gente chegou e vamos ficar mais, claro, ‘pra’ ver as músicas, dançar”, celebra Pedro, que alimenta os gostos campeiros criados e cultivados por causa da veia rural e da lida de campo, uma vez que cresceu em locais de interior em Vacaria e Otacílio Costa.
Enquanto isto, a nora de Zélia, Cristina Nunes Costa, profissional experiente em funções administrativas, degusta seu ponche e acompanha o movimento da Rua Coberta junto ao casal. Cristina já havia frequentado a Festa do Pinhão deste ano. “Esta é a segunda vez, na primeira eu vim com o meu esposo. Hoje ele não pôde estar conosco porque está cumprindo seu trabalho.” Élves é policial militar. “Mas quero ir mais dias. Por exemplo, no show do Corpo & Alma.”
Cristina reconhece o empenho do Poder Público municipal em estimular a cultura tradicionalista enraizada nos costumes lageanos e em facilitar o acesso dos lageanos a uma Festa de identidade em que se sentisse reconhecido, inserido e querido. “Na minha opinião a Festa ficou mais acolhedora, principalmente para aquelas pessoas que não têm condições financeiras de pagar por um ingresso. Todos foram lembrados. Eu gostei, ‘achei’ bem legal e oportuno”, observa a jovem visitante, que estava se programando para “matar” a vontade de um pastel com recheio paçoca de pinhão, um dos quitutes mais procurados e com maior saída nos estandes das entidades filantrópicas que arrecadam recursos financeiros para financiar suas atividades de rotina, programas e projetos. A família reside no bairro São Pedro, em Lages.
Grupo de amigas foi às compras e agitou a Festa
De sorriso largo estampado no rosto, as amigas Deise Gargioni e Zaira Steffen estavam “de patroas” na Festa do Pinhão nesta quarta-feira. A gerente de clínica médica aposentada mora no bairro Sagrado Coração de Jesus, e estava acompanhada da prima, Zaira, trabalhadora autônoma, lageana que morou em São Joaquim e está de volta a Lages.
Elas chegaram no Centro bem no começo da tarde, por volta das 14h, e o tempo rendeu na mão delas. Estavam em um momento relax em uma das mesas da Rua Coberta se esbaldando com seus copos de ponche na mão.
O comércio lageano agradeceu a presença das amigas, que estavam também com uma terceira amiga, a Juciara, de Lages. A mesa estava cheia de sacolas. Compraram roupas para se preparar ao rigor do frio, a exemplo de abrigos, calçados de inverno e itens de decoração para a casa. “Este formato é uma inovação, serve como experimento. Vai surtir efeito”, analisa Zaira.
Deise lidera o grupo e é pura alegria. “Está um tempo maravilhoso. A gente chegou e foi comprar as coisas que queríamos. Adorei a Festa ter sido trazido para cá [centro de Lages] porque torna os atrativos mais acessíveis ao público, ajuda demais. Antes havia impedimento para as pessoas de mais idade, idade avançada, a acessibilidade fica mais complicada. Lá [no Parque] acaba sendo mais para os jovens, casais. No Parque tinha as questões da distância, dos estacionamentos para os carros. Os preços dos alimentos típicos estão bem bons. Nós comemos paçoca de pinhão, crepe. Uma delícia! Eu gosto de tradicionalismo, do conteúdo da Festa. Aqui todo mundo pode vir sem problemas e empecilhos”, defende Deise, lembrando ser esta a terceira vez na Festa, pois já tinha visitado o evento no domingo e terça-feira. “Pretendemos vir mais e mais. Está ótimo, excelente.”
Texto: Daniele Mendes de Melo
Fotos: Fábio Pavan
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