Considerado um dos maiores símbolos da identidade cultural da Serra Catarinense, agora a Sapecada da Canção Nativa e da Serra Catarinense estão representadas, sob a perspectiva de estudantes, em desenhos e pinturas inspirados nas letras das canções selecionadas para o festival deste ano
Estudantes dos sistemas municipal e estadual de ensino deixam o palco do Recanto do Pinhão Aracy Paim ainda mais bonito e simbólico durante a 23ª Sapecada da Serra Catarinense e 31ª Sapecada da Canção Nativa, que acontecem a partir desta sexta-feira (13 de junho) e vão até o próximo domingo (15). Com pinturas e desenhos que exalam cultura, nativismo, tradição e história do povo lageano e serrano, os alunos mostram-se verdadeiros artistas e expõem, a partir de hoje, suas artes trabalhadas em sala de aula no telão do palco do Recanto.
Considerado um dos maiores festivais de música nativista da América Latina, em sua 31ª edição, a Sapecada da Canção Nativa, junto à Sapecada da Serra Catarinense, também faz parte da proposta de resgatar as raízes da Festa Nacional do Pinhão – Tradição que se renova em festa. Pensando nisso, a coordenação do festival decidiu também resgatar uma iniciativa realizada há cerca de 15 ou 20 anos durante a festa, ao convidar duas escolas públicas de Lages a fazer parte do projeto da Sapecada, com a produção e posterior exposição de desenhos e pinturas dos estudantes sob a temática das letras das canções selecionadas para o festival deste ano.
A proposta vem ao encontro do novo formato da Festa Nacional do Pinhão, que neste ano acontece na área central da cidade, tendo o calçadão da praça João Costa o principal palco para as festividades, até o dia 22 de junho. “Pessoas de várias partes do estado e do país estão vindo para a nossa cidade prestigiar a Festa e essa iniciativa, com as pinturas e desenhos, é uma maneira de envolver as crianças os jovens para apreciar a arte regional e a música nativista, despertando neles o interesse pela poesia, pela melodia e pela composição de uma música”, detalha Mario Arruda, coordenador da Sapecada.
Mais de 60 trabalhos foram entregues à equipe organizadora do Festival e, a partir da noite desta sexta-feira (6), estarão expostos no telão do palco do Recanto durante as apresentações os artistas, bem como no salão da Secretaria de Turismo, atrás do palco. De acordo com Marcia Vieira, também da equipe da coordenação da Sapecada, a ideia inicial era levar o projeto para várias escolas. “Tínhamos pouco tempo para uma demanda grande de trabalho que seria produzida durante as aulas, então optamos em convidar uma escola do sistema municipal e outra da rede estadual. Deste modo, os professores de Língua Portuguesa trabalharam os temas com pesquisa das expressões regionalistas, fizeram também a interpretação dos textos e, a partir disso, passaram para a execução com as pinturas dos trabalhos nas aulas de Arte”, explica Marcia.
Durante o processo de desenvolvimento dos trabalhos, conforme explica Marcia, houve o relato de uma professora de que um aluno não sabia sobre o que tratava o termo bugio e, com a intensa operação de pesquisa, descobriu-se que, além dar nome ao primata nativo da região serrana, é também um ritmo de música nativista. “A ideia do projeto é essa. Difundir a nossa cultura e resgatar o dialeto do povo serrano desde a base, na escola. Nós temos aqui em Lages, muitos artistas que nasceram com a Sapecada, como o Quarteto Coração de Potro, Ricardo Begha, Adriano Possai, Daniel Silva entre tantos outros nomes e, o despertar desses valores às nossas crianças e adolescentes, associando à questão pedagógica e a uma série de elementos envolvidos nesse momento, são os ingredientes para que nasça o gosto pela música e pelo nativismo, podendo resultar em uma nova geração de compositores, poetas e músicos”, enfatiza Marcia.
Cultura preservada, difundida e valorizada nos bancos escolares
Estudantes da Escola Municipal de Educação Básica (Emeb) Suzana Albino França, do bairro Jardim Panorâmico, e da Escola de Educação Básica (Eeb) Nossa Senhora do Rosário, do bairro Coral Foram convidados a fazer parte dessa iniciativa. A proposta foi trabalhada nas escolas por cerca de um mês nos componentes curriculares de Língua Portuguesa e Arte e, para esse último, os alunos dos anos finais do ensino fundamental mostraram todo o seu talento e capricho em trabalhos que resultaram em verdadeiras obras de arte.
Nos últimos dias a movimentação tem sido intensa nessas duas unidades de ensino, envolvendo toda a comunidade escolar. “A participação dos nossos estudantes na Sapecada é motivo de grande orgulho para todo o Sistema Municipal de Educação. Ver nossos jovens interpretando, por meio da arte, as canções que celebram a cultura e a identidade lageana é uma demonstração do quanto a escola pode e deve dialogar com a cidade e suas manifestações culturais. Essa presença dos alunos no evento reforça o papel transformador da educação e evidencia o quanto é valioso integrar o conhecimento escolar com as vivências e tradições do nosso povo”, comenta o secretário de educação, professor Dr. Cristian de Oliveira.
Para a execução dos trabalhos na Emeb Suzana Albino França, conforme explica o diretor da unidade de ensino, Carlos Eduardo Canani, foram trabalhadas as letras das músicas em todas as turmas e aos alunos dos anos finais foi dada a missão de ilustrar o aprendizado. “Foi um trabalho muito significativo justamente para valorização das raízes da nossa cultura e também como elemento de desenvolvimento e valorização da linguagem regional, que muitas vezes fica em segundo plano e acaba não sendo reconhecida dentro da esfera escolar”, diz.
O diretor ainda explica que o trabalho está completamente alinhado à Base Nacional Comum Curricular (BNCC), que prevê a abordagem de 40% de conteúdos regionais ao longo dos componentes curriculares. “Foi um trabalho interdisciplinar que favoreceu o desenvolvimento da criatividade, do fazer artístico dos nossos estudantes, tornando possível a visibilidade das produções, o que faz com que todo o trabalho seja ainda mais relevante, mais significativo, pois ultrapassa os muros escolares e possui uma finalidade, uma contribuição social”, argumenta Carlos Eduardo.
Hoje começa a 23ª Sapecada da Serra Catarinense
Os artistas sobem ao palco do Recanto logo mais à noite, a partir das 18h30min, para defenderem e apresentarem as 16 canções selecionadas para a 23ª Sapecada da Serra Catarinense. Os três primeiros lugares terão participação garantida na etapa nacional, assim como a música mais popular.
Já no sábado (14), acontece a eliminatória da 31ª Sapecada da Canção Nativa, também com 16 composições. Destas, porém, somente 12 chegarão à fase final marcada para o domingo (15), junto às quatro canções da etapa regional. O Festival se tornou Patrimônio Cultural e Imaterial de Lages, com Lei aprovada com unanimidade pela Câmara de Vereadores, eternizando sua marca na história do nativismo e repassando seu legado para futuras gerações. Conheça as composições selecionadas pelo site oficial da Sapecada.
Texto: Silviane Brum
Fotos/ reprodução: Fábio Pavan e Nilton Wolff
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