Fotos: 2S Fotografia/Divulgação Mãe apaixonada pelo filho e seduzida pela vida, sobra espaço e tempo para exercitar outras qualidades: Ser obstinada por tornar metas, realidades tangíveis. Das quais, ser dona de uma fazenda com campos verdejantes, o ar puro das árvores, sede, galpão rústico, gado e cavalos
Vitrine de padaria e confeitaria surte um efeito mágico aos olhos das pessoas igual à hipnose de sapatos de salto exibidos em lojas às mulheres. Empadão e empadinha de frango, esfirra de carne, joelho de carne, vinagrete com salsicha e pimentão, enroladinho de salsicha, quiche de brócolis, “hamburgão”, pastel, croquete, rissoles, coxinha de frango, bolinha de queijo, assadinho de presunto e queijo, pãozinho de frios, torta fria, pizza, salgadinho de massa folhada, croissant recheado com catupiry, travesseirinho de parmesão, folar com ricota, saltenha de alho poró. Parece o trailer de um pic-nic no paraíso. E é. Tudo isto e muito mais é feito pelas mãos de fada da Sabrina, uma jovem de 26 anos cheia de talento para a cozinha dos salgados, um dom culinário que a torna especial, afinal, é pelo paladar que as pessoas podem demonstrar afeto e liberar reações químicas de felicidade e bem-estar. Conquistar e gerar conexão e lealdade pelos sabores.
Em uma movimentada e famosa panificadora, confeitaria e restaurante no centro da cidade de Lages, Sabrina exerce sua função de salgadeira há quatro anos. Chega cedo e sai mais perto do fim da tarde, cuidar de seus afazeres pessoais e “matar” a saudade do filho.
Sabrina Santos de Oliveira nasceu em Lages, é casada e mãe de um garotinho com quatro anos. Tem seis irmãos, dos quais, cinco mulheres. Mesmo exausta do trabalho, quando chega em sua casa, no bairro Promorar, ela ainda usa a energia da sua bateria para se transformar em uma segunda personagem do dia: A mãe que vai brincar com o filhinho e auxiliar nos seus deveres de pequenino, pois no dia seguinte começa tudo de novo. Ele tem escolinha, e ela, o compromisso com o emprego.
Mas, é aos sábados e domingos que a história muda totalmente de figura. O uniforme branco dos pés ao pescoço, com a touca para prender os cabelos dá lugar à camisa, lenço, bombacha, guaiaca, bota de cano longo e chapéu campeiro. E, óbvio, o laço de couro de boi trançado nas mãos.
Entra em cena, uma Sabrina completamente diferente, longe das quatro paredes de uma cozinha e da correria no cumprimento de tantos compromissos contra o relógio, pois o balcão deve estar sempre cheio de opções aos clientes o tempo inteiro, da hora em que abrem as portas até o início da noite. A criadora de armadas, a cavaleira, laçadora de vacas no comando das rédeas no galope do cavalo. Substitui-se as colheres e formas assadeiras por arreios e selas, as batedeiras e mixers por estribos. Os cabelos pretos e lisos longos, o batom de cor forte nos lábios, os cílios extensos e o sorriso marcante mostram uma mulher altiva e dona de si. “Ser vaidosa é tudo.”
A sua vocação em fazer as pessoas se apaixonarem pela gastronomia, parando a corrida do dia a dia nos intervalos do trabalho, escola ou faculdade, ou no café da manhã, almoço ou café de fim de tarde, já a caminho de volta para casa, e saborearem os pratos elaborados com sua dedicação, se transforma, em minutos, em um dos seus hobbies, não menos fascinante do que cuidar do filho. Embora jovem, Sabrina laça desde os seus oito anos de idade. As mulheres têm ocupado cada vez mais este espaço tradicionalista historicamente dominado pelo público masculino.
De personalidade forte e autoestima segura e bem resolvida, Sabrina faz seus treinamentos em gado real, vaca “parada” de madeira e em vaca mecânica, uma espécie de réplica transportada por uma carretinha acoplada/rebocada por uma motocicleta em velocidade, em um terreno de gramado aparado próximo a sua residência, de uma pessoa conhecida sua, no bairro Santa Clara. Seu fiel escudeiro, o cavalo Guerreiro, está com ela há dois meses.
A herança do gosto pela arte de laçar bois e vacas, surgida de primos, fez Sabrina conhecida em torneios e rodeios da região da Serra Catarinense. Antes de qualquer movimento, um gesto sagrado, de proteção e humildade, para se render à crença divina. Alguns minutos preciosos, entre Sabrina, Deus e o plano espiritual. “Faz parte do meu ritual pessoal rezar a oração Pai Nosso. Aprendi a laçar por ter vontade, entusiasmo, motivação, empenho e disciplina. A gente monta no cavalo e dá um frio na barriga. Sinto uma emoção em laçar, cultivar o que a gente gosta. Eu incentivo as outras pessoas a este lazer, é bom multiplicar o que é bom. Gosto de todo este universo, de bailes, festas de igreja, lida de sítio. É um refúgio, sair da realidade do cotidiano e viajar pelas coisas simples da vida”, confessa a moça, apreciadora de músicas dos estilos gaúcho e sertanejo.
Inspirada em si mesma, a admiradora da lida rural está vinculada ao Centro de Tradições Gaúchas (CTG) Planalto Lageano, laçadora premiada em cidades da região, e busca estar em constante evolução, com apoio do seu companheiro de vida, que está incondicionalmente ao seu lado. “Não percebo nenhum tipo de discriminação por estar em meio a laçadores. O público me recebe bem nos eventos. Conheço outras mulheres que laçam, a Taiane, Maria Aparecida. Minha família apoia, se empolga, aplaude, vibra junto.”
Técnicas e o segredo para ser uma boa laçadora? “A dificuldade é desenvolver habilidade e equilíbrio. Sempre treinar para melhorar a cada dia.” Terminado o torneio, é hora de permanecer no acampamento, se reunir com os amigos, degustar um chimarrão e passear pelo rodeio.
Quem é a Sabrina, hein, Sabrina?
“É uma pessoa boa, meio brava, gosta das coisas certas e quando quer algo corre atrás. Guerreira.”
Ela quer ser fazendeira
“Meus planos é trabalhar, comprar um fazenda e progredir.”
“Eu acho legal, mas não entendo direito como é uma laçada, as regras, os objetivos”. Então, é a hora de saber!
Modalidade de rodeio popular no Brasil, a Prova do Laço institui uma competição entre peões para laçar um boi em um determinado tempo. Possui algumas curiosidades interessantes, como o fato de ser uma das modalidades mais antigas do rodeio brasileiro, com registros de sua prática desde o século XIX - tradição centenária.
Esta prática tem suas raízes na cultura das fazendas, para capturar animais soltos no campo, e é considerada uma das mais emocionantes e tradicionais do rodeio brasileiro. Com o passar do tempo, foi incorporada aos rodeios e se tornou uma competição esportiva, com regras e técnicas específicas. Os competidores são avaliados pela habilidade em laçar o boi de forma rápida e precisa, aliada à técnica utilizada durante a prova.
Na Prova do Laço, o competidor deve laçar o boi pelo pescoço ou pelos chifres, dentro de um determinado tempo estabelecido pela organização do rodeio. O peão pode utilizar diferentes técnicas e estratégias para laçar o animal de forma ágil e eficiente, como o uso do laço curto ou longo, a posição do cavalo e a habilidade em direcionar o boi para facilitar o laço. A precisão e a velocidade são fundamentais para obter uma boa pontuação na prova.
Existem diferentes modalidades da Prova do Laço, variáveis de acordo com o tipo de animal a ser laçado e as regras estipuladas pela organização do rodeio, portanto, características bem peculiares. As principais modalidades são Laço Individual, Laço em Dupla, Laço em Trio e Laço em Equipe.
As provas de laço nada mais são do que a representação da rotina diária dos criatórios de gado espalhados pelo mundo. Cada modalidade é utilizada na lida diária do manejo com gado, adaptada à realidade e ao relevo da região.
No Brasil existem três modalidades de laço: Laço em Dupla, também chamado de Team Ropping; Laço Individual, o Tie Down Ropping, e o Laço Comprido, modalidade exclusiva do país.
Em seguida, a representação na lida diária de cada modalidade. O Laço Individual simula o nascimento de um bezerro no campo. O peão precisa laçar o animal para ficar contido e ser feito o curativo do umbigo e identificação, entre outras atividades.
O Laço em Dupla consiste a simulação de contenção de um animal no campo para um tratamento médico, sem a necessidade de levá-lo ao curral. Sem o laço, o peão precisaria tocar todo o rebanho até o curral, um estresse muito maior do que simplesmente laçar o animal que precisa de tratamento.
Por fim, o Laço Comprido nasceu no Mato Grosso do Sul, devido ao bioma da região, com campos amplamente extensos, e o boiadeiro precisa de um laço mais comprido para laçar o animal. Na Vaquejada é a mesma lógica, região de vasta caatinga. Está justificada a técnica de pegar o animal pelo rabo para fazer a contenção.
“E o rodeio?”
Evento com animais nas atividades de montaria, provas de laço, vaquejada, gineteada, pealo, chasque, cura de terneiro e provas de rédeas.
Sabrina segue contente, esperançosa e satisfeita com suas escolhas, pronta a novos desafios, realizações e superações, tanto pessoais, quanto ao futuro do filho e da sua família.
Texto: Daniele Mendes de Melo
Apoio informações técnicas: Portal Cavalus e LabVital Análises Clínicas
Fotos: 2S Fotografia/Divulgação
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