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Fotos: Acervo Museu Histórico Thiago de Castro (MHTC)/Divulgação Museu Thiago de Castro recebe quadro histórico para marcar a data e celebrar Salete, Solange e Andreia, mulheres que colocaram Lages nos holofotes nacionais
Neste 4 de julho Lages celebra um marco histórico: Há exatos 61 anos, em 1964, pela primeira vez, uma representante da cidade, após conquistar o título de Miss Santa Catarina, desfilou no palco do Miss Brasil. Em toda a história do concurso estadual, apenas três lageanas alcançaram este feito.
Para marcar a data, o Museu Histórico Thiago de Castro (MHTC) acaba de receber em seu acervo um quadro pintado por Malinverni Filho, retratando a pioneira Salete Maria Chiaradia, com o seu traje típico, usado no concurso nacional, homenageando Anita Garibaldi. A doação foi feita pela própria Salete. O traje típico que ela usou no Miss Brasil já faz parte dos objetos expostos no Museu.
A saga lageana nos palcos da beleza estadual e nacional começou em 1964, quando Salete Maria Chiaradia venceu o concurso Miss Lages, realizado em 16 de maio, no Clube 14 de Junho, organizado pelo Jornal Correio Lageano. Com o título local, Salete seguiu para o Miss Santa Catarina, disputado no Teatro Carlos Gomes, em Blumenau. Lá, superou 23 candidatas, entre elas, Mariza de Andrade Ramos, de Florianópolis, e Dagmar Zuldrich, de Blumenau, conquistando a coroa estadual.
O retorno a Lages foi triunfal: Salete desembarcou de avião e foi recebida em festa, desfilou em carro aberto pelas ruas e recebeu a chave da cidade das mãos do então prefeito, Dr. Wolny Della Rocca. Seu feito obteve tanta repercussão que ganhou destaque de duas páginas na revista O Cruzeiro, uma das mais influentes do país na época.
Traje típico homenageia Anita Garibaldi e o prestígio da Miss
Em 1962, os organizadores do Miss Brasil instituíram a obrigatoriedade do desfile com traje típico, valorizando a cultura e a diversidade brasileira. Antes de viajar ao Rio de Janeiro para disputar o Miss Brasil, Salete esteve em Porto Alegre, onde encomendou seu traje típico ao renomado estilista gaúcho, Djalma Santos, vencedor do 1º prêmio nacional de trajes típicos e vice-campeão mundial de trajes regionais. A pedido de Salete, o figurino foi inspirado em Anita Garibaldi.
O prestígio do concurso na época era tanto que, além da visibilidade conquistada, Salete foi convidada para coroar a Miss Porto Alegre e chegou a dar o chute inicial de uma partida de futebol no Estádio Vidal Ramos Júnior, entre Inter de Lages e Olinkraft, pelo Campeonato Catarinense, justamente no ano em que o Internacional foi vice-campeão estadual.
4 de julho de 1964: O dia do desfile
No dia do concurso, o Ginásio do Maracanãzinho, no Rio de Janeiro, estava completamente lotado. Foram vendidas 998 mesas com quatro lugares cada, para um evento transmitido pela TV Tupi. Jornais cariocas da época registraram que cerca de 40 mil pessoas acompanharam, no local, o desfile das 24 candidatas.
O concurso começou com o desfile em traje de baile, seguido pelo traje típico e, por fim, o desfile de maiô. No palco, Salete brilhou com um vestido azul, bordado na saia, mas foi o traje típico, inspirado em Anita Garibaldi, que mais chamou atenção. Após o concurso, Salete passou a receber convites para diversos eventos, participando de compromissos em vários Estados do Brasil.
1979: Lages conhece sua segunda Miss Santa Catarina
Quinze anos depois, em 1979, Lages voltava a ter uma representante no Miss Brasil. Solange Scortegagna, após conquistar o título de Miss Lages, foi coroada Miss Santa Catarina. O concurso nacional ocorreu em Brasília, no Ginásio de Esportes Presidente Médici, e foi prestigiado por cerca de 35 mil pessoas.
Tamanha era a importância do evento que as misses desfilaram em carro aberto pelas ruas da capital federal, sendo recebidas como celebridades. No palco, Solange também se destacou com um traje típico que também homenageou Anita Garibaldi, a heroína de dois mundos.
1985: Lages elege em casa sua terceira Miss Catarinense
Em 1985, Lages celebraria novamente o título estadual, desta vez conquistado por Andreia Ribeiro Reis. O concurso aconteceu no Ginásio Ivo Silveira, lotado pelo público local, que viu Andreia ser coroada Miss Santa Catarina.
No Miss Brasil, realizado no Palácio das Convenções do Anhembi, em São Paulo, Andreia participou do evento transmitido ao vivo pelo SBT, apresentado por Silvio Santos e retransmitido em vários países da América Latina. Entre os jurados, estavam nomes de peso, como o apresentador Gugu Liberato e Edson Arantes do Nascimento, o Rei Pelé, que avaliou a lageana no desfile de gala. No traje típico, Andreia homenageou Anita Garibaldi e também Salete Chiaradia, inspirando-se na vestimenta usada por Salete em 1964.
Ao coroar estas histórias e conquistas, o Museu Thiago de Castro agora conta com a obra pintada em 1965 por Malinverni Filho, primeiro catarinense a receber bolsa da Escola Nacional de Belas Artes, no Rio de Janeiro, e autor de trabalhos expostos em mais de 40 países. Malinverni também foi o fundador da primeira Escola de Belas Artes de Santa Catarina.
Para a superintendente da Fundação Cultural de Lages (FCL), Carla Zonatto, as três vitórias vão além dos concursos de beleza. “Estas conquistas projetaram o nome de Lages nacionalmente e deram visibilidade à força, à beleza e à cultura da mulher lageana. É muito simbólico que, justamente quando celebramos 61 anos deste feito histórico, possamos receber no Museu o quadro da Salete. Vamos iniciar o estudo técnico do processo de restauração, para que esta obra possa ser apreciada por todos. É preservar não apenas a memória da nossa primeira miss, mas de todas as mulheres que ajudaram a contar a história da cidade”, ressalta Carla.
Assim, neste 4 de julho, Lages não celebra apenas o aniversário da participação de sua primeira Miss Santa Catarina no Miss Brasil, mas também exalta a trajetória de Salete Chiaradia, Solange Scortegagna e Andreia Ribeiro Reis, mulheres que escreveram capítulos brilhantes na história da cidade, levando o nome de Lages aos palcos mais importantes da beleza brasileira.
Texto: Rafael Araldi
Fotos: Acervo Museu Histórico Thiago de Castro (MHTC)/Divulgação
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