Fotos: Arquivo pessoal/Divulgação Ela se desdobra em várias para dar conta do recado. É uma atleta que acredita em Deus e na força das orações, faz o bem, exerce a solidariedade sem distinção, crê em uma humanidade mais pacífica e, de quebra, elabora doces deliciosos
O esporte é milagroso. Transforma a pessoa por fora, por dentro. Respinga coisas boas em quem está por perto. Serve de escola. Muda a pessoa para sempre e provoca uma reação avassaladora: A de sempre ir adiante, nunca retroceder. Olhar pelo retrovisor e, sem medo, agradecer ao passado, mas, ao mesmo tempo, olhar para a estrada à frente e soltar um “Eu controlo meus pensamentos, intenções, atitudes, projetos. Minha vida nas minhas mãos. Futuro, pode vir, estou pronto!”
E foi desta maneira que Adriana agarra cada um de seus aprendizados, conquistas e vitórias tanto na vida, quanto no esporte. Lágrimas de alegria, resiliência, superação [coisas que só o coração da gente sabe decifrar e como chegou até aqui]. É aquela história, né?! Cada um sabe onde o sapato aperta.
Adriana dos Santos Lucrecio irá integrar a delegação de Lages nos 18ºs Jogos Abertos Paradesportivos de Santa Catarina (Parajasc), a serem promovidos em Lages pela primeira vez em todas as suas edições. Em 2025 serão realizados no período de 16 a 21 de setembro.
Os Jogos Abertos Paradesportivos de Santa Catarina são destinados a atletas com idade a partir dos 15 anos com deficiências física, auditiva, intelectual ou visual. Tem como propósito promover o paradesporto nas instituições e clubes, bem como fortalecer a inclusão social e revelar talentos para o esporte adaptado.
Em razão dos Parajasc que Santa Catarina se tornou potência no paradesporto, relevando representantes que foram às paralimpíadas e conquistaram vários resultados nos anos mais recentes. Possuem um contexto histórico no Estado e desde 2005 têm o poder de ser um evento referência no Brasil.
Na edição 2025 serão aproximadamente 60 municípios catarinenses participantes. Em torno de 2.200 paratletas estarão reunidos em Lages, junto com técnicos, árbitros e dirigentes esportivos.
Reunirá milhares de atletas do paradesporto catarinense em 14 modalidades: Atletismo, basquetebol com cadeira de rodas, basquetebol di, bocha paralímpica, bocha raffa, ciclismo, futsal da-di, goalball, handebol com cadeira de rodas, natação, tênis de mesa, xadrez, judô e parataekwondo.
Dois meses depois, entre 18 e 29 de novembro de 2025, será realizada, em Chapecó, região Oeste, a 63ª edição dos Jogos Abertos de Santa Catarina (Jasc). Parajasc e Jasc são desenvolvidos pela Fundação Catarinense de Esporte (Fesporte), com apoio das prefeituras das cidades-sede.
A Prefeitura Municipal está empenhada na execução de adequações necessárias para receber as delegações nos ambientes das competições dos Parajasc. Os pontos principais serão o Estádio Vidal Ramos Júnior e os Ginásios Municipais de Esporte Ivo Silveira e Jones Minosso, bem como escolas de apoio, alojamento ou sedes de disputa. O Governo do Estado de Santa Catarina repassou R$ 1 milhão para a etapa estadual dos Jogos.
A atleta da modalidade atletismo - lançamento de disco e lançamento de dardo, Adriana dos Santos Lucrecio nasceu em Lages, tem 45 anos e hoje em dia mora no bairro Vila Maria. Aposentada, ela pratica esporte e é catequista na Igreja Católica da sua comunidade. Católica Apostólica Romana, Adriana recebeu o dom sagrado de ser escolhida como uma soldada de Jesus Cristo e espalhar seu amor pelo mundo pelo instrumento da evangelização. Sua mãe é a Célia, que é do lar; seu pai, Antônio, hoje está no plano espiritual.
Ela será uma das estrelas dos Parajasc 2025 na sua terra natal e confirmará sua experiência na competição, pois já participou de oito edições. Em Parajasc, Adriana já colocou em seu pescoço medalhas de ouro, prata e bronze.
Adriana já tem tradição em ouro e prata
Em maio deste ano, Adriana Lucrecio foi ouro no lançamento de disco e prata no dardo no 2º Meeting Loterias Caixa de Atletismo da temporada 2025, em Curitiba, capital do Paraná. Composta por nove atletas, a delegação da equipe da Associação Esportiva e Paradesportiva (Asespp) de Lages conquistou um total expressivo de 19 medalhas na ocasião, entre Adriana, Amanda Schuck, Allan Amaral, Andrei Ventura, Bruna Lemos, Leonardo Souza, Lucas Lopes e Nicolas Henrique.
A valiosa vida de Adriana
Sua maior fã é a filha Amanda, de 23 anos. Amor próprio, sensibilidade, respeito e carinho pela vida, determinação, constância, disciplina e evolução são as cores que tingem as páginas do livro da vida de Adriana. Trabalha com crianças, adolescentes e jovens na Igreja e divide seus compromissos da agenda com casa, família, trabalhos, esporte e a presidência da Associação Esportiva e Paradesportiva (Asespp) de Lages, entidade sob sua liderança atualmente.
Pessoa de fibra e obstinada, já trabalhou em diversificadas profissões, sem deixar de lado a excelência e capricho no desempenho de suas funções, pois são características nítidas de sua personalidade. Adriana já foi confeiteira e cozinheira. Cursou parte da graduação de psicologia, e se compromete a concluir.
Adriana gosta da cor rosa, de usar vestido e do perfume Pitanga. Strogonoff é um dos pratos que lhe dá “água na boca” e vinho é a bebida predileta, providencial agora no inverno do Sul. E, claro, sem pestanejar, medalha de ouro é seu prêmio preferido.
Corintiana, a atleta diz não idolatrar ídolos, e gosta do livro Psicologias e aprecia música que seja calma. “Assim já está bom [kkk]. E gosto de música nativista.” Não tem um cantor ou banda preferida, só o estilo mesmo.
Paratleta há dez anos, vamos conhecer agora um pouco da sua trajetória, lançando um olhar de compreensão e admiração mútuas e inerentes a uma lição que deve nos comover e, sobretudo, nos levar à movimentação, pois a série Orgulho Lageano serve para apresentar personagens da vida real e suas fascinantes histórias, inspirar e tornar seus dias mais dinâmicos, interessantes, emocionantes, felizes e esperançosos. “Sempre trabalhei em restaurante desde nova. Conheci o pai da minha filha no trabalho, mas o relacionamento não deu certo, então fiquei mãe solo. Sempre trabalhei para dar estudo ‘pra’ ela. Minha filha nasceu com uma deficiência física, levava ela no atletismo também. [Formada em administração, Amanda, de 23 anos, presta assessoria para empresas]. Eu, já doente, com lúpus [doença inflamatória causada quando o sistema imunológico ataca seus próprios tecidos]. Devido ao tratamento, os ossos ficaram fracos. Tive de passar por cirurgia, coloquei prótese no quadril, fêmur, nos dois lados. Como já conhecia o atletismo, o Augusto [dos Anjos, incentivador do paradesporto e profissional da Asespp] me chamou para ser atleta, e estou desde então, mas trabalho com jovens na Igreja, ajudo na Asespp.”
Lançamento de disco
Modalidade esportiva olímpica do atletismo. O objetivo da prova consiste em lançar um disco de metal a maior distância possível, superando os demais competidores. Assim como o lançamento de martelo e o lançamento de dardo, este esporte é chamado oficialmente de lançamento. Somente o arremesso de peso é chamado de arremesso, em razão de o peso ser empurrado e os demais serem projetados com características diferentes.
O lançamento de disco consiste em uma modalidade do atletismo paralímpico, em que atletas competem em diferentes classes, classificadas de acordo com o tipo e grau de deficiência. Estas classes, como F53, F54 e F64, determinam as regras específicas e o tipo de equipamento utilizado, como cadeiras de rodas e discos de diferentes pesos.
- F54 e F55: Atletas com transtorno do movimento de alto grau no tronco e nas pernas, com a classe F54 também podendo envolver limitações nas mãos.
- F64:
Atletas com deficiências nas pernas, mas que utilizam próteses e competem em pé.
Prova que exige técnica e força. O atleta gira dentro de um círculo para gerar impulso e lançar o disco o mais longe possível.
Além do lançamento de disco, existem outras modalidades de lançamento no atletismo paralímpico, como o lançamento de dardo, arremesso de peso e lançamento de club. O lançamento de club é uma modalidade específica para atletas com paralisia cerebral, Acidente Vascular Cerebral (AVC) ou lesão medular, utilizando um instrumento similar a um bastão de ginástica.
Existente desde a Grécia Antiga, o lançamento de disco foi introduzido no programa olímpico desde os primeiros Jogos em Atenas, em 1896. Para as mulheres, foi introduzido em Amsterdã, em 1928.
E o seu preparo para competições? E quanto aos 18ºs Jogos Abertos Paradesportivos de Santa Catarina (Parajasc), será diferente?
“Meu preparo é bastante treino; para os Parajasc, agora treinando mais ainda, por ser em Lages.”
Sua rotina, Adriana, como é?
“Na segunda, terça e quarta eu treino. Cuido, também, de uma sobrinha que fica comigo durante a semana para estudar.”
O que gosta de fazer nas horas de “relax”, Adriana?
“Faço crochê, e vou ao shopping.”
O que espera dos Parajasc?
“Uma boa competição. Que seja um dia bonito, que venham muitos atletas.”
Sua agenda para 2025 e 2026?
“Competição, Parajasc, Brasileiro.”
Projeto de vida?
“Viajar para o exterior [do país].”
Um sonho seu?
“Tirar primeiro lugar no Disco.”
Um desejo?
“Ser campeã. E ser campeã quando a disputa é em Lages.”
Uma meta?
“Mudar de classe.”
“Ser a primeira no Brasil.”
Adriana por Adriana?
“Adriana é batalhadora, prestativa, otimista.”
É bom ser um Orgulho Lageano?
“‘Nossa’, ser um Orgulho Lageano foi uma surpresa muito emocionante. Amo minha terra, e ser orgulho então... Fiquei muito emocionada, sem palavras, é gratificante. Muitas batalhas foram vencidas. Tenho muito orgulho do paradesporto.”
Texto: Daniele Mendes de Melo
Fotos: Arquivo pessoal/Divulgação
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