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Foto: Divulgação “(...) A espécie encontrada em Lages parece ser, observando algumas características morfológicas e pela estrutura da vocalização dos machos, compatível com V. uranoscopa (...) Ainda são necessárias outras análises para confirmar se realmente se trata de espécies diferentes ou não.” - Victor Moraes Zucchetti
Lages foi o município alvo de uma pesquisa ambiental na semana passada e o local escolhido foi o Parque Natural João José Theodoro da Costa Neto (Parnamul), administrado pela prefeitura de Lages por intermédio da Secretaria de Serviços Públicos e Meio Ambiente. O estudioso trata-se do pesquisador Victor Moraes Zucchetti, zoólogo e especialista em herpetologia (anfíbios e répteis), o qual atualmente trabalha com sistemática e evolução.
Zucchetti é doutorando no Programa de Pós-Graduação em Ecologia e Evolução da Biodiversidade - Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), de Porto Alegre, capital do Rio Grande do Sul. “A minha pesquisa aborda as relações evolutivas e diferenciações entre espécies, assim como a distribuição, do gênero Vitreorana, um grupo de anfíbios chamado popularmente de pererecas-de-vidro. Um dos problemas deste grupo é quanto à diferenciação das espécies Vitreorana parvula e V. uranoscopa. Vitreorana parvula foi descrita em 1895, com distribuição reportada somente para Lages, em Santa Catarina, enquanto V. uranoscopa ocorre desde o Rio Grande do Sul até a Bahia. A busca por indivíduos desse gênero no município é de importância extrema para entendermos essas relações entre as espécies do grupo”, explicita o pesquisador, que esteve em Lages entre os dias 9 e 14 de janeiro. A viagem a Lages e o aprofundamento desta busca fazem parte do seu doutorado.
Sobre os resultados dos estudos em Lages, o doutorando explica que ainda não se obtiveram conclusões bem definidas, “porém, a espécie encontrada em Lages parece ser, observando algumas características morfológicas e pela estrutura da vocalização dos machos, compatível com V. uranoscopa, encontrada em outras localidades do Sul do Brasil. Ainda são necessárias outras análises para confirmar se realmente se trata de espécies diferentes ou não”.
A bióloga da Secretaria de Serviços Públicos e Meio Ambiente, Michelle Pelozato, expôs sua avaliação da visita. “A interação com universitários e pós-graduandos de outras cidades e Estados é intensamente salutar porque enriquece o banco de informações do Parque Natural, tornando o trabalho ainda mais válido e valioso. O pesquisador Victor detém vasto conhecimento sobre a espécie abordada, incluindo dissertações e teses em publicações da área. É um orgulho para nós, enquanto profissionais ligados diretamente ao meio ambiente, receber um estudioso de um know-how como este, e esperamos que a pesquisa renda brilhantes e relevantes constatações. O Parque é um grande laboratório.”
Em sua análise em âmbito geral, sobre o Parque Natural de Lages, Victor Moraes Zucchetti observa que, “o Parque, a meu ver, possui uma estrutura boa para visitação. Considero muito legal a iniciativa do plantio de mudas nativas e do georreferenciamento das trilhas e principais pontos. A diversidade do Parque é significativamente interessante, tratando-se de uma mancha florestal isolada. A quantidade de ambientes propícios para reprodução de anfíbios auxilia nessa diversidade de forma fortemente expressiva. Acredito que possa haver melhorias nas trilhas disponíveis (marcação e abertura) e trilhas que disponibilizem acesso a mais partes do Parque”.
Saliente-se que o Parque Natural está passando por um conjunto de melhorias, das quais faz parte a confecção e fixação de placas indicativas e educativas no Parque Natural Municipal, sinalizando e organizando as trilhas para receber os visitantes a partir do término total das obras e liberação da abertura para visitação, pois com a pandemia do novo coronavírus (Covid-19) este tipo de lugar teve o acesso temporariamente restringido. Por enquanto, o Parque permanece fechado com visitação suspensa ao público em razão das medidas sanitárias de se evitar aglomeração de pessoas como prevenção ao aumento dos índices de contágios pelo novo coronavírus.
Texto: Daniele Mendes de Melo
Foto: Divulgação
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