“(...) No Memória Lages há comentários do tipo ‘eu trabalhei neste lugar’, ou, ‘meu pai construiu este lugar’. São todos comentários com esta ‘pegada’ nostálgica, revivendo um passado sobre o qual a pessoa sente aquele ‘quentinho’ no coração quando lembra, ‘né’? (...)” - Álvaro Xavier, o caçador de histórias
Ele tem estilo próprio, geralmente anda por aí com looks pretos, tênis All Star com cadarços coloridos, de barba, óculos escuros de lentes azuis, relógios de pulseiras com cores que provam sua autenticidade, e é bem conhecido em Lages. Visionário, à frente de seu tempo, espírito transbordando juventude. O fato de ser comunicador em rádio torna ainda mais popular este apaixonado por videogame, cinema, tocar violão e guitarra, colecionar objetos, churrasco e Coca-Cola, e torcedor da Seleção Brasileira de futebol de campo, acompanhando o esporte a cada quatro anos, na Copa do Mundo. Livros, revistas em quadrinhos, fotografias impressas, discos musicais de vinil, videogames, jogos, aparelhos celulares, CDs, DVDs, canecas de diversificadas estampas, relógios de pulso e bonequinhos de desenhos anime, como a série japonesa, Dragon Ball Z, baseada na série de mangá Dragon Ball, escrita por Akira Toriyama, publicada de 1988 a 1995. Tudo isto muito bem organizado nas prateleiras da sala de estar e em outro cômodo da sua casa, um quarto, armazenado em caixas.
Esta é a descrição do músico, comunicador e produtor de áudio, Álvaro Xavier da Silva Gomes, de 42 anos, nascido em Curitiba, mas há 40 anos em Lages, portanto, lageano de coração desde os dois aninhos de vida, quando sua mãe veio embora para a Serra, em 1985.
Álvaro é filho de Ivanir, que é aposentada e do lar. Ele tem três irmãos - Vande é professora; Daniela, diarista, e Marcos é pedreiro. O colecionador é pai de Isabella, de 12 anos. Está em um relacionamento e cuida de seus dois gatinhos, Eclipse e Asteroide.
Tem Curitiba, a cidade que lhe viu nascer, como seu lugar preferido no mundo e, como uma viagem já feita, memorável, Rio de Janeiro, em setembro do ano passado, mais especificamente no festival Rock in Rio 2024, um dos maiores festivais de música do planeta Terra, e em 2025 completa 40 anos.
Mas, e por que Álvaro é especial? O que ele faz de diferente? Colecionador de discos de vinil, jogos de videogame, livros e? Itens das mais de 30 edições da Festa Nacional do Pinhão. Álvaro resolveu abrir o baú de memórias e colocar em prática o dom de compartilhar suas riquezas culturais e artísticas com outras pessoas mundo afora, sem ter a dimensão do alcance dos milhões e milhões de internautas. Este resgate histórico da Festa Nacional do Pinhão, paralelo ao da cidade de Lages, tem chamado a atenção do público da Internet de forma crescente. Trata-se de dois perfis no Instagram: Memória da Festa do Pinhão e Memória Lages.
Álvaro se consolida como um guardião do passado e passa a ter papel ainda mais primoroso agora, em 2025, quando a Festa Nacional do Pinhão chega a sua 35ª edição e propõe inovações nos meios de levar os lageanos para mais perto do evento que retrata a sua identidade, os seus costumes, folclore, história e cultura, gerando intimidade entre Lages e seu povo nativo de berço e seus filhos de coração.
Com a edição Raízes, a Festa Nacional do Pinhão será promovida ao longo de 17 dias, pela Prefeitura de Lages, de 6 a 22 de junho, período em que acontecem os espetáculos regionais no Recanto do Pinhão Aracy Paim, no Calçadão da Praça João Costa. De 18 a 22 de junho, cinco shows nacionais gratuitos, com estrelas do mundo artístico brasileiro da atualidade, irão brilhar no Estádio Municipal Vidal Ramos Júnior.
Evidência ao tradicionalismo, nativismo e arte com a 23ª Sapecada da Serra Catarinense e a 31ª Sapecada da Canção Nativa nos dias 13, 14 e 15 de junho, um dos mais expoentes festivais do segmento da região Sul do Brasil. Eventos paralelos à Festa Nacional do Pinhão serão realizados em outros locais - Mercado Público Municipal Osvaldo Uncini e CentroSerra Convention Center. A Festa Nacional do Pinhão conta com o patrocínio das lojas Havan e Sicoob.
Mais de dois mil seguidores
Em relação à quantidade de seguidores, o Memória da Festa do Pinhão está com pouco mais de 1.570. O Memória Lages, embora seja um perfil mais recente, está com mais. São 2.230 seguidores. “Percebo um crescimento maior no Memória Lages, acredito que por talvez atingir mais pessoas, pois você aí abrange memórias da cidade toda e não só de um evento. Imagino que seja isto. E o perfil Memória da Festa do Pinhão, geralmente em épocas em que a Festa se aproxima, é que começa a ficar mais ativo e ganhar mais seguidores”, explica o protagonista do Instagram.
Nostalgia e periodicidade da alimentação
“De uns 40 dias para cá é que eu tenho alimentado os perfis com conteúdos de forma mais periódica, diária. O perfil da Festa do Pinhão já existia há um bom tempo. É mais na época do evento que eu me dedicava a atualizar. Já o Memória Lages, não. Este é recente e eu comecei a atualizá-lo há 40 dias, quando eu comecei a postar coisas. Tem atraído a atenção do pessoal. O pessoal está curtindo e gostando porque traz lembranças à tona lembranças. Todo mundo gosta, todo mundo é nostálgico”, celebra Álvaro.
Afinal, do que falam o Memória da Festa do Pinhão e Memória Lages?
No perfil Memória da Festa do Pinhão está todo e qualquer material que tem a ver com o evento, resgatando um pedacinho desta história que ultrapassa três décadas. “Seja uma foto de amigos [ninguém conhece as pessoas, só quem ‘tá’ na foto], seja um vídeo de um cantor ‘mega’ famoso que fez um show em alguma ocasião da Festa. Eu fiz uma série de postagens com as realezas. E eu procuro fazer em formato de vídeo. Em vez de só postar uma foto lá ou um carrossel de fotos, eu tenho priorizado o formato reels, vídeos de até um minuto, que dá mais engajamento e tem mais retorno na rede social. Então, tem lá uma série de postagens com todas as realezas de todas as edições da Festa. Outra que eu fiz, com todos os cartazes. Fiz também no formato vídeo, trazendo informações. Apesar de ser um vídeo curto, uma edição dinâmica e que prenda a pessoa a ficar vendo até o fim. É muito dinâmico, muito diferenciado. Como eu falei, pode ser uma foto, pode ser um vídeo de uma programação que eu tenho aqui, ou pode ser até a própria programação digitalizada. Muitas possibilidades de conteúdo nesta página.”
Já no Memória Lages existe um outro tipo de conteúdo. “Neste primeiro momento, pelo menos, eu tenho feito vídeos de 35, 36 segundos, em que acontece uma transição. Eu pego uma foto antiga, vou no mesmo local e tiro uma foto atual daquele lugar exatamente do mesmo ângulo, aí eu consigo fazer esta transição em vídeo, e causa um impacto. Muitas vezes, a pessoa vê o local e lembra que era assim, e aí ela fica impactada quando a transição acontece e mostra como está hoje. Ou se a pessoa é mais jovem e nunca viu, ela fica sabendo como aquele local era. Também tem esta curiosidade. Então, eu pego fotos antigas, procuro estabelecer uma data. Muitas vezes é difícil, mas eu consigo aproximar, pelo menos. Procuro saber quem é o autor da foto. Na maioria das vezes não consigo, mas quando consigo eu coloco o crédito. E aí eu vou no mesmo local, faço a foto nova e crio este vídeo sobre o qual a transição acontece. O ponto chave é esta transição que gera o efeito nas pessoas. Em um segundo momento, mais ‘pra’ frente, eu penso em postar outros tipos de conteúdo também, mas por agora são estes vídeos de transição, mostrando como um local era e como está hoje.”
Lembranças da Festa Nacional do Pinhão no Facebook
Em sua página do Facebook, Álvaro Xavier mantém as postagens sobre a Festa Nacional do Pinhão e Lages. “Eu ‘linkei’ os meus perfis do Instagram no meu perfil do Facebook pessoal, pois não tenho as páginas lá no Facebook. Tudo que eu posto no Instagram do Memória da Festa do Pinhão e no Instagram do Memória Lages acaba caindo na minha página pessoal, ‘Álvaro Xavier’, no Facebook. Eu já tinha criado a Memória da Festa do Pinhão no Facebook uma vez, mas eu acabei desativando porque em uma época o Facebook mudou a forma de entregar o conteúdo. Você tinha duas mil pessoas seguindo a página, curtindo a página, e o conteúdo era visualizado por bem menos. Aí desativei este perfil e criei o Instagram, em que as pessoas estavam mais ativas”, relembra Álvaro Xavier.
Começo da construção dos acervos há 27 anos e como funciona a captação e a recepção de material do Instagram
Os compilados do Memória da Festa do Pinhão e Memória Lages são originados de materiais físicos e virtuais angariados junto ao próprio acervo pessoal de Álvaro Xavier, bem como de contribuições espontâneas por espectadores das páginas virtuais mantidas atualizadas por ele. “Eu tenho um acervo pessoal da Festa do Pinhão, que eu comecei em 1998, e daí depois que isto virou digital? No primeiro momento, no Facebook, após, no Instagram, as pessoas começam a me enviar material também. Já para o Memória Lages, a captação é na Internet. Comecei pesquisando fotos no Google, em seguida comecei a pedir fotos ao Museu porque lá se disponibiliza e-mail para solicitarmos imagens, e o pessoal manda. Recentemente, uma arquiteta e designer de interiores me passou a senha do Google Drive, dispositivo pelo qual ela já havia captado um ‘monte’ de imagens, aí também pela Internet, e também com o Museu, origem de onde ela me encaminhou muita foto que eu utilizo nas postagens do Memória Lages.”
A ligação emocional das “curtidas” e compartilhamentos: O sucesso das baladas do 900 Executivo
“Nem todo mundo que assiste ‘curte’. A minoria das visualizações se converte em curtidas, mesmo assim eu considero alto o número de ‘curtidas’, justamente pela criação de uma ligação emocional da pessoa com aquele post. Para ilustrar, um post que eu fiz, com seis mil visualizações, está com 200 ‘curtidas’ e, comparando, parece pouco, mas se você pensar que 200 pessoas significa muita gente, em resumo acabou atingindo estas 200 pessoas de uma forma mais forte do que seis mil que visualizaram.”
Sobre os compartilhamentos, Álvaro Xavier explica a respeito da magia da memória sentimental e afetiva. “Os compartilhamentos são mais fortes quando a pessoa tem uma ligação emocional com a postagem. Por exemplo, se eu posto no Memória da Festa do Pinhão uma série sobre a realeza, aquelas meninas que estão envolvidas, que foram princesas e rainhas em alguma edição, com certeza vão compartilhar. Já no Memória Lages, o post que eu tenho mais compartilhamentos foi um que eu fiz do 900 Executivo, e é claro que se tratando do 900 Executivo acabou atingindo muita gente que viveu esta época e que frequentava o local. Vejo esta questão do compartilhamento como dependente da individualidade. A pessoa sente vontade de compartilhar naturalmente um conteúdo quando impacta ela. Não adianta eu colocar no fim de cada vídeo a dica ‘Compartilhe’, ninguém vai compartilhar porque leu ali que eu pedi ‘pra’ compartilhar. A pessoa vai querer compartilhar porque ela gostou do conteúdo e chamou sua atenção de alguma forma. Eu compartilho coisas quando acontece isto comigo, portanto, eu as entendo e tento sempre produzir o conteúdo que atinja muita gente e crie esta ligação emocional.”
Quer embarcar neste passeio e reviver a Lages de antes? O que a galera tem achado dos perfis?
O feedback aos perfis acontece de cinco maneiras: “Curtidas”, comentários, compartilhamentos, fotografias e mensagens privadas no Instagram, os directs. “Pessoas que querem entrar em contato sem se expor, ou para reclamar de alguma coisa, ou dizer possuir um material que deseja enviar, ou sugerir uma postagem. Já recebi fotos também, tanto para o Memória Lages, quanto ao Memória da Festa do Pinhão.”
Comentários repletos de emoção. “No Memória da Festa do Pinhão, a maioria dos comentários é na ‘pegada’ nostálgica, lembrando como a Festa era antigamente, principalmente que a Festa começou muito mais voltada para o tradicionalismo, então a maioria dos comentários acaba indo nesta linha, ou recordam de um show que a pessoa foi, lembrando de algum determinado ano, embora o intuito do perfil não seja este. O perfil não ‘tá’ lá para defender que a Festa antigamente era melhor ou era pior, que era tradicionalista ou não era. Mas, nasceu para preservar a história da Festa, seja ela qual for, seja tradicionalista ou com shows nacionais, ou com três shows nacionais por dia. Quanto ao Memória Lages, há comentários do tipo ‘eu trabalhei neste lugar’, ou, ‘meu pai construiu este lugar’. São todos comentários com esta ‘pegada’ nostálgica, revivendo um passado sobre o qual a pessoa sente aquele ‘quentinho’ no coração quando lembra, ‘né’? Muitos relatos também falam que alguns locais poderiam ter sido melhor cuidados e tal.”
Ideia é chegar de cinco a dez mil seguidores
“Eu tenho mantido as postagens com uma periodicidade diária, alimentando-os bastante para que cresçam. Um primeiro plano, a curto prazo, é que chegue a pelo menos cinco mil, dez mil seguidores. E se a rede social acabar? A gente nunca sabe, ‘né’? Migrar para outra rede social que houver e manter isto de forma digital, acessível às pessoas.”
Motivação na infância
“Creio que os dois projetos têm a ver com nostalgia e visitas que a escola me proporcionou quando eu era criança. Eu fui junto com a escola na Festa do Pinhão de 1993 e eu fui com a escola uma vez no Museu Thiago de Castro. São duas ocasiões que eu lembro muito. Eu lembro que na Festa, já adulto, eu acabei conseguindo aquela programação, então agora eu sei que foi no dia do feriado. Tinha show de Sandy & Junior, e a gente acabou não vendo a apresentação, mas eu lembro que a Festa passou daquela coisa distante na cabeça de uma criança para uma coisa muito palpável ali, vendo aquelas apresentações artísticas que aconteciam, dos CTGs [Centros de Tradições Gaúchas] durante o dia... E aquilo me fez querer voltar sempre à Festa. Com a escola no Museu, da mesma forma, eu passei de uma criança que não estava nem aí para ver fotos, só havia fotos de família. E, de repente, eu chego no Museu e vejo uma foto da cidade que eu conheço, mas dos anos 1960, e aquilo, me recordo, me deixou impressionado, ‘tipo’, eu conheço essas ruas. Eu ando por estas ruas, porém, nesta foto ela ‘tá’ diferente, estão faltando alguns prédios ali, e aí eu acabei assimilando que o mundo não era só aquilo que tinha ao meu redor, a minha família, os amigos, que o mundo já estava aí há muito tempo e que muita gente veio antes, e isto me chamou a atenção, criança, e eu comecei a me interessar. Não cheguei a me interessar por história, por exemplo, a matéria história na escola, porque são coisas mais distantes. Você estuda a Revolução Industrial. Você aprende, mas você não tem esta ligação, assim, contudo, quando você estuda a história de Lages e vê coisas do passado, é aqui que as coisas aconteceram.”
O primeiro folder guardado, da Festa do Pinhão de 1998
“No início de tudo, em 1998, eu lembro vagamente de presenciar adultos conversando e se aproximava a Festa. Eu já tinha ido à Festa uma única vez com a escola, quatro anos atrás, no caso, cinco anos atrás. As pessoas estavam tentando lembrar qual show tinha havido, os acontecimentos. Pensei: ‘‘Caramba’, ninguém guardou aquele folder que a Prefeitura distribui? Era só ter guardado, a gente saberia em que ano que veio tal show.’ Eu me ‘liguei’ que aquilo era importante e comecei a guardar. Então o primeiro que eu guardei foi de 98. Justamente neste ano houve o cancelamento do show do Lulu Santos. E aí tem duas versões do folder e eu guardei a segunda versão também. Tenho o show, tenho o folder com o show do Lulu Santos e tenho o folder que foi a substituição. Colocaram no mesmo dia, no mesmo horário, Jota Quest e Claudinho & Buchecha. Dois shows ‘pra’ substituir um. Muita gente hoje em dia não sabe deste fato, mas quando eu pego estes dois folders e mostro - ‘Não, não, aconteceu, sim, ‘tá aqui ó’ - a pessoa fica impressionada - ‘Ah, caramba’ - ou então lembra - ‘Nossa, é verdade’. Desde aquela época eu comecei a entender que era importante guardar aquela informação impressa, e depois eu tive uma motivação maior ainda, que foi, por ser músico, a minha banda começar a tocar na Festa, no palco alternativo, a partir de 2003. Era muito legal também guardar o folder da Festa porque estava ali o nome da minha banda.”
Inspiração para o Memória Lages também não é de agora, não
“Comecei um projeto em 2013 no meu Facebook pessoal, e está lá até hoje. Se entrar lá nos álbuns de fotos, tem um álbum que chama Lages Ontem e Hoje. Que é justamente destas comparações que eu fazia na cabeça, de olhar uma foto antiga e pensar ‘nossa, este local hoje está assim, está faltando aquele prédio ali, foi construído aquele edifício lá, demoliram aquela casa, asfaltaram a rua’. Isto acontecia na minha cabeça de criança e de adolescente. Fiz algumas fotos lá em 2013 e 2014, quando eu postei no meu Facebook pessoal como Lages Ontem e Hoje. Eu postava a foto antiga e a foto atual que eu tinha feito do mesmo ângulo, mas não era uma transição em vídeo, eram as duas fotos lado a lado em caráter de comparação. Começaram a copiar, outras pessoas começaram a fazer e eu me desmotivei e parei de fazer. Voltei a fazer isto agora, em março, porque lembrei que era legal fazer e agora eu estava tendo mais tempo. Ao caminhar pela cidade, olhando para cima. Aqui, olhando para os edifícios, comecei a pensar em retomar este projeto e coloquei o nome de Memória Lages.”
Preciosidades escondidas ou quase esquecidas nas gavetas de casa
“Uma coisa que eu tenho percebido que acho que as pessoas precisam entender é que qualquer material é importante. O que mais acontece é pessoas dizerem assim: ‘Eu tenho algumas coisas aqui, mas não sei se vai servir’. E aí a pessoa ‘me leva’ um envelope com fotos que eu estava procurando há anos ou então nunca tinha visto e são fotos excelentes. A pessoa está tão acostumada a ter aquilo guardado na casa dela e de vez em quando está sempre olhando ali, o que é comum para ela. É igual a gente passar todo dia na frente da Catedral e não tirar foto porque a gente mora aqui. Mas, um turista vem ali e tira 30 fotos, e a pessoa tem este material às vezes e subestima. Acha que não é importante e é importante, muito importante. Todo material é importante, toda informação é válida e pode contribuir. Toda informação pode preencher uma lacuna que está aberta.”
O valor de um recorte de jornal
“Desde um recorte de jornal feito pela pessoa e que tem a data, eu consigo fazer uma ligação daquela data com uma outra foto que eu tenha. Fotos em que apareça a fachada de uma loja. Tem uma foto que eu recebi, de um trio de realeza, e me ajudou a perceber que naquele ano de 2001 tinha uma determinada loja no Calçadão, e pude fazer esta conexão de informações.”
Viver o presente é positivo, mas olhar para o passado expressa o entendimento das nossas raízes, da evolução do nosso meio
“É natural, normal as pessoas viverem o presente e quererem viver o presente. Não que eu viva de passado, eu só acho que é importante guardar os fatos. As pessoas acabam não se ‘ligando’ que o que está acontecendo agora é relevante e um dia vai ser passado. A gente vai tentar procurar e talvez não vai encontrar. Para completar, a gente só conhece as histórias, a gente só conhece o passado, seja em âmbito mundial, com toda a história da humanidade, ou em âmbito local, aqui com a nossa história, porque alguém se preocupou em guardar estas informações. É muito fácil as informações se perderem. História não preservada é história perdida.”
Arquivos físicos e digitais devem ser guardados no Museu Histórico Thiago de Castro (MHTC) no futuro
“O Memória da Festa do Pinhão, acervo que eu tenho físico, maior, vai ser destinado ao Museu Thiago de Castro. Tenho duas pastas de material físico. Tem uma orientação escrita na capa para que se eu vier a perder estas pastas ou se eu morrer, serão doadas ao Museu Thiago de Castro, assim como a senha do Google Drive, com todo este material digitalizado. Muito material digitalizado encaminhado por colaboradores, mas eu não os tenho físicos, então isto vai paro o Museu.”
Gratidão a quem ajuda
“Porque ninguém faz nada sozinho, e são pessoas que têm ou já tiveram elo com o Município, que já fizeram parte das equipes organizadoras da Festa do Pinhão. Personalidades que me abasteceram com muita informação, ou fotos digitalizadas por mim, posteriormente, principalmente do período de 1993 a 2000. Ícones da imprensa de Lages também colaboram, a exemplo do fornecimento de programações de anos anteriores a 1998. Mulheres ex-rainhas e princesas de edições antigas, com repasse de fotos, recortes de jornais, programações de atrações. O meu ‘muito obrigado’ a todos.”
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De que música você gosta?
“Música? Aí fica difícil, porque é muita música. Eu sou músico, então, se for escolher uma música me vem na cabeça Guns N’ Roses, talvez Sweet Child O’ Mine, pois foi a primeira música que me chamou a atenção quando eu era criança... 1987, pela questão do rock and roll, das guitarras. Uma lembrança de infância que eu tenho muito forte com esta música.”
E um cantor de sua preferência?
“Um cantor? Quase igual à música, é muito difícil escolher. Mas gosto do Zezé Di Camargo. Eu gosto muito da dupla [Zezé Di Camargo & Luciano], e, optando por um dos dois, escolheria o Zezé, porque eu sou fã ‘pra’ caramba.”
- O sonhador Álvaro: Uma viagem presente nos sonhos ao fechar os olhos sobre o travesseiro?
“Uma viagem a se fazer? Eu nunca fui para fora do país, então... Eu ainda quero realizar este sonho, e muito provavelmente vai ser Estados Unidos, porque eu já tenho um sobrinho que mora lá. Ele mora perto de Nova York, e eu tenho vontade de conhecer Los Angeles também, apesar de ser do outro lado do país. Mas, eu pretendo ir porque eu sou fã de cinema, portanto, ir a Los Angeles seria fantástico.”
Você se interessou em contribuir?
Para poder colaborar, as pessoas podem encaminhar materiais por e-mail: memoriadafestadopinhao@gmail.com e memorialages@gmail.com. Ou entrar em contato com Álvaro pelo direct do Instagram.
Texto: Daniele Mendes de Melo
Fotos: Fábio Pavan
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